sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Me engana que eu gosto


É interessante perceber como nos comportamos e decidimos certas coisas baseados em fatores não racionais. Algumas vezes, posso até dizer, gostamos de ser enganados e ainda ficamos muito satisfeitos com isso.

Uma decisão de compra é muito influenciada por esse nosso comportamento. Gostamos sempre de contar aos outros que fizemos um ótimo negócio, que compramos algo muito bom, especial, exclusivo. Isso nos faz sentir bem.

Muitas vezes a racionalidade no momento da decisão é colocada de lado e acabamos comprando baseado em fatores subjetivos e emocionais, que são sempre evidenciados pelo marketing do produto. O mais interessante é que acabamos decidindo sem perceber que estamos sendo manipulados e refutamos qualquer argumento que não esteja coerente com a trama montada para comercialização do produto. A ocasião, a embalagem, a marca, a etiqueta, o shopping, a loja, o vendedor passam a ter um peso desproporcional ao produto em si.

Outro dia ouvi o relato de uma pessoa que visitou uma pequena oficina de couro no interior de São Paulo. Nela trabalhava um hábil artesão que confeccionava bolsas e carteiras de couro. Sua produção era vendida para algumas empresas de grife famosas da capital. Ele recebia as encomendas e também as etiquetas dessas grifes que eram depois acrescentadas aos objetos produzidos.

Na oficina ele tinha um pequeno espaço para vender algumas carteiras e bolsas, excedentes dos lotes encomendados, por valores bem razoáveis que cobriam basicamente o valor do material utilizado, seu trabalho e um pequeno lucro. Entretanto esses produtos não tinham nenhuma etiqueta, mas eram exatamente as mesmas produzidas para as grifes.

O visitante achou aquilo fantástico. Comprou algumas carteiras e bolsas para dar de presente. Na volta, ao passar em um shopping, ele pode ver em uma loja sofisticada a mesma carteira que ele havia comprado vendida por um preço dez vezes maior. Ele ficou exultante, achou que tinha feito um excelente negócio.

Mas vida não é tão simples assim.

As pessoas que ganharam os presentes não ficaram tão animadas. Agradeciam protocolarmente e pronto. A própria esposa não ficou entusiasmada com os presentes. Eram produtos bons realmente, mas... não tinham uma marca famosa para mostrar. Provavelmente não iriam usar os presentes.

O mesmo produto com ou sem etiqueta tem um valor muito diferente. A funcionalidade do produto passa a ter menos importância. O contorno acaba valendo mais do que o conteúdo, que seria a real razão da compra. Ou será que é o contrário? O que vale mais é a grife e o produto é que é o acessório?

Sempre que mexemos com a emoção embaralhamos a razão.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Evolução Entre as Gerações


Algumas vezes podemos ficar admirados com a capacidade dos mais jovens em
utilizar os dispositivos eletrônicos atuais com tanta facilidade. Essa nova geração nasceu já usando o com
putador e a internet no dia a dia. Eles agem de forma absolutamente natural ao manusear cada equipamento novo que é lançado, não precisam nem ler o manual. O ser humano tem uma capacidade imensa de aprender e se adaptar as novidades, capacidade essa que vem sendo exercitada a cada geração.

Lembro do meu avô comentando sobre a facilidade com que os jovens da época dele conseguiam dirigir um carro. Hoje ninguém liga mais para a habilidade de alguém em dirigir, pois não é mais uma novidade e todos (quase todos...) o fazem sem grande dificuldades. Na geração do meu pai foram os equipamentos elétricos. Foi a época do rádio, da televisão, do toca-disco, da máquina de lavar. Eles compravam esses aparelhos, mas tinham grande reverência a eles. Não conseguiam usa
-los de forma intuitiva. Não era muito fácil
para eles apertar e virar tantos botões para obter a ação desejada.

Quando era garoto fiz uma modificação no seletor de canais da televisão lá de casa que foi um sucesso. O seletor era mecânico com um botão que a gente rodava para escolher o canal. Existiam 5 estações de televisão na época, mas o seletor tinha 12 posições (canais 2 a 13). Para trocar de canais era preciso rodar o seletor passando pelos canais vagos, o que eu achava ruim. Resolvi então estudar o seletor e descobri que para cada posição da chave seletora existia uma plaquinha com os circuitos sintonizados na frequência do canal. Como essas plaquinhas eram rem
ovíveis, retirei todas e montei novamente usando apenas as correspondentes aos canais em uso
colocando-as em posições adjacentes. Todos em casa gostaram da novidade e achavam que eu tinha feito um coisa de grande relevância, mas que na verdade nada tinha de excep
cional.
A cada geração as inovações vão sendo incorporadas e passam a fazer parte de nossas vidas de forma absolutamente natural. A evolução entretanto não é contínua. A transição
é feita em pequenos degraus. O degrau de cada geração que passa. A criação de uma geração somente é consolidada na geração seguinte.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Femtocélulas

Existem alguns conceitos relacionados com a tecnologia das Femtocélulas que ainda não são do conhecimento de todos. Aproveito aqui esse espaço para apresentar alguns pontos que considero relevantes:

  • A tecnologia das Femtocélulas é bastante recente e está sendo efetivamente implementada pelas empresas de telecom agora em 2008.
  • Sua implementação é destinada basicamente ao mercado residencial em casas e apartamentos, pois a cobertura do sinal é intencionalmente reduzida.
  • Femto é o prefixo usado pelo Sistema Internacional de Unidades que corresponde a 10E-15 (relembrando: mili = 10E-3, micro = 10E-6, nano = 10E-9, pico = 10E-12)
  • O ojetivo das Femtocélulas é possibilitar ao usuário dentro da área de cobertura de sua célula, utilizar múltiplos dispositivos de voz e dados, obtendo conectividade com o mundo exterior através de uma conexão de banda larga convencional.
  • A cobertura de rádio dentro das Femtocélulas é feita utilizando a tecnologia 3G Celular e também, de forma complementar, a tecnologia Wi-Fi.
  • A conexão em banda larga, que proporciona a conectividade da célula com o exterior, pode ser feita usando modems da familia XDSL, Cable, Óptico ou WiMax.
  • Alguns dispositivos que implementam a tecnologia Femtocélula proporcionam também as funcionalidades de IAD, permitindo a conexão direta de um aparelho telefônico fixo convecional.
  • O usuário tem pelo menos 3 alternativas para fazer uma comunicação telefônica. Usando um aparelho fixo na porta RJ-11, usando o celular 3G ou usando um client VoIP.
  • Para a comunicação de dados o cliente também tem 3 alternativas: usando conector RJ-45 Ethernet na base, usando dispositivos Wi-Fi ou usando a conectividade 3G Celular.
  • É importante destacar que em todas as alternativas apresentadas de voz e de dados, o tráfego da Femtocélula é escoado pela conexão convencional de banda larga do usuário.
  • Com a proliferação de aplicações multimedia cada vez mais ao alcance dos usuários, é justificável a adoção de um único dispositivo para realizar a convergência dos serviços, conforme o proporcionado pelas Femtocélulas.
  • Existem entretanto algumas restrições que devem ser observadas para a implementação dessa tecnologia. Falaremos delas proximamente, em outra mensagem.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Um dos Paradoxos da Internet


A universalização trazida pelo acesso às informações pela internet, passa por cima das fronteiras físicas dos países, rompendo com barreiras geográficas e culturais. Entretanto e apesar de todos esses rompimentos, existe ainda uma predominância absoluta dos americanos em tudo que diz respeito a internet.
Em todos países do mundo existem pessoas com idéias que poderiam, se exploradas, desenvolver novas opções para o público conectado. Entretanto, conforme temos visto até agora, o negócio só acontece e explode de verdade quando é explorado pelo pessoal lá dos States. Por que será que é assim?
Veja só a questão dos serviços de busca. Em todos os países do mundo existem buscadores desenvolvidos localmente, mas.... o Google, Yahoo, MSN Live Search imperam. Da mesma forma, todo mundo hoje usa o MSN e o Yahoo Messenger para mandar mensagens instantânes e utilizam quase sempre o GMail, Hot Mail e Yahoo para trocar e-mails. Existe uma predominância avassaladora das empresas norte-americanas para todos os principais serviços da internet.
Isso nâo é assim só aqui no Brasil. Acontece no mundo todo. Um pouco menos talvez na China.
Um ponto importante é que o internauta não se sente atrelado a sua cidade, ao seu estado ou ao seu país quando usa a internet. Nâo há nenhuma razão para alguém usar um servicinho modesto desenvolvido por um suposto geninho da informática ou da empresa cheia de boas intenções lá da esquina, quando se pode usar algo muito melhor e mais abrangente.
Uma possível explicação para esse comportamento viria do lado financeiro. Custa a mesma coisa acessar um site hospedado em um servidor localizado em seu bairro, ou entrar numa página que fica em uma rede do outro lado do mundo. No mundo antigo de telecom, o usuário pagava valores que eram proporcionais a distância e ao tempo de utilização do serviço. A internet destruiu esse conceito.
Com isso a concorrência na internet é ampla, global e ... impiedosa. Quem é melhor ou oferece mais vantagens para o cliente predomina sempre e esmaga os concorrentes em todo mundo. Nâo há mais espaço para regionalismos.
Por outro lado entretanto, a internet constitui um ambiente absolutamente democrático. Qualquer um pode colocar um serviço na rede e aparecer para o mundo. Nâo existem restrições para a entrada de ninguém. (Exceto na China e algumas pequenas nações que vivem em regime totalitário)
É realmente paradoxal ver que a abertura da internet, a democratização do acesso em todo mundo, ao invés de diminuir, aumentou o poder das empresas norte-americanas sobre o resto do mundo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Tecnologias Wireless Não Serão Dominantes Para os Serviços de Dados e Internet.

Mark Lowenstein, experiente executivo americano, que já passou por várias empresas de telecom nos Estados Unidos, afirmou recentemente sobre a nova onda de oferta de serviços de dados sobre redes celulares e wireless:

"É preciso atentar para o aspecto econômico das tecnologias wireless. Custa centenas de vezes mais entregar um megabyte de dados sobre uma rede sem fio do que sobre uma estrutura banda larga convencional com fio. Nâo existe nenhuma tecnologia a vista que possa mudar esse cenário."

Essa é uma declaração bastante pertinente. Talvez um pouco exagerada pelo grau de comparação realizado. Provavelmente a ordem de grandeza não seja de "centenas de vezes", mas é com certeza MUITAS vezes maior.

O executivo faz uma constatação bastante sensata a luz da realidade tecnológica atual. Entretanto essa afirmação parece soar fora do contexto, quando vemos toda movimentação em torno dos serviços wireless que estão sendo anunciados.

As luzes com que os tarimbados marqueteiros dos fabricantes de equipamentos focam esses novos lançamentos provocam um grande frisson no mercado. A sensação que temos é que são absolutamente maravilhosas as perspectivas que temos pela frente. Ninguém mais vai precisar usar uma conexão fixa. O mundo vai ser todo wireless. Quem vai ser tolo de não aderir a tão grande facilidade?

Aí, quando aparece alguém como o Mark Lowenstein e faz uma declaração desse tipo, é olhado com desdém pelos demais. Coitado, está na contra-mão. Não consegue entender o mercado. Não sabe como as coisas funcionam no novo mundo de telecom.

É claro que utilizaremos conexões wireless para a transmissão de dados para acessar a internet. Entretanto precisamos avaliar a real dimensão dessa tecnologia. Entendo que usaremos conexões sem fio quando precisarmos de mobilidade ou para um acesso eventual fixo, mas absolutamente não vejo a tecnologia wireless, nem de leve, como um substituto para as conexões de dados feitas sobre redes de cobre ou de fibra óptica.

Pelas características de aplicação de uma tecnologia, pelos valores de investimento necessários e pelo reais benefícios ao cliente e é possivel antever o sucesso de um produto. O desconhecimento de qualquer um desses fatores contribui para a formação de posições equivocadas, muitas vezes ofuscado que somos, pelos próprios fornecedores que evidenciam apenas o lado positivo (é claro)de um produto ou uma tecnologia.

Temos que ter capacidade para analisar a questão como um todo. Nâo podemos confiar ingenuamente em nossos fornecedores. Precisamos conhecer cada vez mais as tecnologias emergentes e fazer um trabalho de análise sustentada por evidências e fatos.

Sonhar é bom, mas a realidade é que garante o nosso futuro.

domingo, 22 de julho de 2007

Negação da Competência Técnica

É impressionante como coisas importantes são decididas por gente que não sabe o que está fazendo, mas acha que sabe.

Muitas pessoas em cargos de direção, tomam decisões baseadas em análises ultra simplificadas feitas por seus assessores, muitas vezes sem entender, ou sequer imaginar, as reais conseqüências que aquela decisão pode trazer.

A parte técnica de um projeto é normalmente a mais complexa para a maioria das pessoas. Para entender os aspectos técnicos é preciso ter um conhecimento teórico sobre o assunto, que muitas vezes não é intuitivo. A maioria das pessoas em cargos de direção não tem capacidade, paciência ou tempo para aprofundar esse conhecimento. O padrão é solicitar ao corpo técnico uma análise resumida, do tipo "pra mãe entender".

Dessa maneira, levando em conta apenas aspectos técnicos básicos, esses executivos sentem-se a vontade para tomar decisões, confiando que seus projetos terão sucesso por conta dos demais fatores não técnicos. Realmente a ignorância é uma benção nesses casos.

Algumas vezes os técnicos acabam não sendo nem ouvidos. O gestor acha que já entende o suficiente da parte técnica, em sua percepção como usuário de um produto ou serviço. Prevalecem assim, para a tomada de decisão, os aspectos comerciais, econômicos, políticos ou até a conveniência ou o interesse pessoal do dirigente.

Assistimos agora com esse acidente ocorrido com o Airbus da TAM em Congonhas a uma demonstração pública do que estou dizendo. Os pilotos dos aviões alertavam há algum tempo sobre os problemas do aeroporto de Congonhas, mas os especialistas técnicos não foram ouvidos. As decisões eram tomadas levando em consideração fatores mais convenientes aos dirigentes. Os aspectos técnicos foram deixados irresponsavelmente de lado.

Agora, depois do acidente, aparecem centenas de pseudo-especialistas, todos arvorando-se como conhecedores das questões técnicas antes relevadas e apresentam uma série de teorias mirabolantes para explicar o que aconteceu. É a negação da competência técnica em prol dos palpiteiros.

Vemos fatos como esse acontecendo não só em órgãos do governo mas também no dia a dia das empresas. Depois que um grande problema ocorre é que as questões técnicas passam a ser considerados com o devido valor. Infelizmente é assim.

sábado, 14 de julho de 2007

Pan 2007


Magnífica a festa de abertura do Pan realizado ainda agora no Rio de Janeiro. Ficou muito bem caracterizada a nossa brasilidade em todos os momentos do evento.

Apesar de toda alegria e exuberância da festa o povo não perdoa. Quando o nome do presidente da república foi mencionado, a vaia foi geral.

Para evitar vexame maior, o protocolo teve que ser quebrado. Foi o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro quem declarou aberto os Jogos Panamericanos e não o presidente Lula.

A televisão chegou a mostrar a imagem do presidente da república, a frente dos microfones, preparando-se para falar.

Parece que havia um Plano B montado em caso de vaia, pois o Carlos Arthur Nuzmam, que já havia feito a saudação, voltou ao microfone e fez a declaração de abertura, certamente acionado pela direção do evento, para evitar um vexame maior.